sábado, 11 de fevereiro de 2012

Soyo...despedida precoce

Soyo, 11 de Fevereiro de 2012

Aquilo que parecia o inferno, vestido de preto e de catana às costas como a morte, começou a branquear...a florir!
O Soyo, ao contrário de todos os sentimentos que atravessaram o meu sistema nervoso central nos primeiros, dos quinze, dias que aqui estive, tornou-se numa cidade pacata e onde eu já não me importo de estar. É certo que a vida social de um expatriado que permaneça nestas paragens se vai resumir a um ou dois sitios no máximo mas o facto de não ter o trânsito caótico de Luanda ajuda bastante.
A cidade edificada do Soyo, como já tinha referido na última mensagem, está confinada a duas ou três ruas. Tudo o resto são amontuados de chaparia de zinco com tabique ou "tijolos de burro".
Resumindo a minha introdução...quem vier para o Soyo vai ter que baixar a fasquia da vida social, assistência médica e mordomias, como por exemplo um supermercado, quase ao nível zero. Aqui não existe quase nada. No entanto, do pouco contacto que tive consegui perceber que não é totalmente mau viver aqui. A favor do Soyo jogam o pouco trânsito, o Kinwica, o Hotel Nempanzu e as praias, não são as praias das ilhas phi phi mas desenrascam.
Outra coisa que vale a pena ver é uma igreja que existe nos arredores do Soyo. Chamam-lhe a igreja da Missão, talvez por se tratar de uma igreja que faz parte dum complexo de missionários, e fica relativamente perto do Soyo. É um espaço agradável, limpo e com frescura que nos enche de esperança. Esperança no Soyo e no seu desenvolvimento.
Agora que já me estava a ambientar ao Soyo é que tenho que ir embora, penso eu nos últimos momentos que me restam nas terras do Zaire. Já conhecia os colegas, as ruas, os sitios, os cheiros...já gostava do Soyo!
A obra, como já se palpitava, foi adiada algum tempo. Não sei quando volto ou se volto mas uma coisa é certa, se vier não me vou importar. O Soyo pode não ser um paraíso mas dá para viver, dá para se viver a trabalhar.
Daqui a pouco vou embarcar para Luanda. Não sei quanto tempo vou ficar em Luanda nem tão pouco o que vou fazer.
Aos que leêm o blog e gostam da caça, tal como eu, desejo-vos umas boas caçadas. O meu Pai, o Paulo C. e o João B. têm-me relatado os bons resultados que por aí se atingem. Sei que desde as batidas aos javalis até às caçadas aos tordos e pombos se tem caçado muito e essencialmente de boa qualidade, com os almocinhos a ressaltarem no meio das molhadas de tordos.
À minha mulher e familia, não se preocupem porque estou bem...gordinho ;)!

Beijinhos e abraços a todos,

André Pinto





Base Angola LNG


Base Angola LNG

Garça
Bom exemplo de subnutrição...

Cadal Channel



Navio atracado perto do porto do Soyo

1 comentário:

  1. O ser humano tem uma enorme e surpreendente capacidade de adaptação e prova disso é que, quando chegaste ao Soyo querias fugir de lá a 7 pés e, 2 semanas depois, o Soyo é para ti uma cidade onde "não te importavas de estar" e para onde "não te importas de regressar".
    Recém-chegado novamente a Luanda por tempo indeterminado espero que tudo corra bem por aí.
    Empenha-te no trabalho!

    ID

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